segunda-feira, 25 de maio de 2015

Uma crónica indignada

Uma crónica indignada, é a descrição que deixo inicialmente para este tema. Debatido durante estes dias é algo que todos têm uma opinião. Sejam eles do género masculino ou feminino, do Benfica ou dos outros rivais, todos têm um parecer sobre esta situação. Mas afinal o que se passou?

Defino como indignada por tanto defendermos a posição de guarda-redes e compreendermos o sentimento de Paulo Lopes. Aquele baixar de cabeça foi verdadeiro, mas a mão do seu treinador de posição a passar pela sua cabeça não foi. Outro assunto já falamos sobre isto...

Frustração por não ser "oficialmente" campeão.
Bem que temos lido comentários desde então a dizer coisas como "mas é preciso jogar 10 minutos sequer para ser campeão? Campeões foram todos!" ou "Mas 10 minutos fariam-no sentir campeão?". Podia-se continuar a enunciar citações vindas das redes sociais, mas esta chegam para ponto de partida. Paulo Lopes sabia qual a sua função no plantel do Benfica. Ele não foi contratado para jogar muitos jogos. Sabia que se fizesse 2/3 jogos por época seria fantástico. Ele não chegou com a função de jogar, mas sim de ajudar.

Todos sabem, quem está inserido no desporto, da importância dos jogadores que não jogam e que são mais experientes. Neste caso até existe uma característica que o dá mais valor ainda: ser benfiquista. Um guarda-redes que tem qualidade, mas a sua relevância no clube foi desde sempre por trás dos holofotes. Apesar disso, sempre que foi chamado à baliza cumpriu. Exemplo disso foi esta época quando Artur foi expulso frente ao Zenit. 

Continuando... Todos sabem no desporto da importância e relevância dos jogadores mais experientes. Bem certo é que Julio Cesar e Artur não são novos, mas principalmente o primeiro, precisava de se adaptar rapidamente aos métodos de trabalho e cultura do Benfica. Aí entra a importância daquele que muitos indicam estar lá apenas a ganhar dinheiro e sem fazer nada - Paulo Lopes. É claro que todos foram importantes na conquista do titulo. Um jogador que não jogue tem importância, comecem a perceber isso. Mas se todos nós sabemos da importância de Paulo Lopes, porque não lhe foi reconhecida? Porque não jogou um único minuto nesta liga?

Tinha-se definido 3 objectivos para o ultimo encontro: Vencer, Jonas ser o melhor marcador e as três estreias - Mukhtar, Silvio e Paulo. Neste ultimo objectivo apenas um não foi campeão, por culpa de ter sido deixado para a 3ºsubstituição a dez minutos do final. A lesão de Salvio impediu tal consagração. 

Uma imagem que não se repetiu
Ainda se lembram do que aconteceu no ano passado? Com o Benfica já campeão, e ainda com Liga Europa e Taça da Liga por jogar, foi o português titular nos ultimos dois encontros na liga: contra o Vitoria FC e no Dragão. Afinal o que mudou para esta época, quando apenas existe uma final da Taça da Liga por jogar? Porque no ano passado se reconheceu o trabalho de Paulo Lopes e esta época iam-lhe dar "apenas" 10 minutos em campo? Não sabemos as respostas, nem saberemos.

A imagem de Paulo subir à trave da baliza com um sorriso rasgado, deu lugar a uma imagem com a taça na mão e cabeça baixa. Que se enganem aqueles que pensam que nada mudaria se ele tivesse jogado. Que se enganem aqueles que acham que ele não se sentiria campeão. É mais que isso, a desconfiança que lhe colocaram foi tremenda. Caso contrário teria sido titular neste ultimo encontro da liga. Quanto muito, entrado ao intervalo quando venciam 2-1. Esses pormenores fazem diferença num jogador por mais que ele saiba que iria sempre jogar pouco. Custava muito dar-lhe mais que 10 minutos de jogo? E já agora, quem é o Mukhtar a mais que Paulo para ser campeão oficialmente e ele não? Sim, sabemos que entrou para substituir o lesionado Salvio e com o resultado a cifrar-se em quase goleada. Era remotamente improvavel acabar-se o jogo com 10 elementos e entrar o Paulo? Se calhar até era, mas imaginemos o que pensa Paulo Lopes... ser deixado ao acaso o momento de entrar em jogo...

Depois tem-se a sensação que no Benfica existem demasiados jogos de poder em que o lider máximo é o unico que manda. O que pensa o treinador de guarda-redes, Hugo Oliveira, desta situação? Chega apenas na festa passar a mão na cabeça do guarda-redes? Porque não se impôs colocando Paulo Lopes na titularidade? Um treinador deve servir mais do que para treinar, e nisso é dos melhores... mas e o resto? Até pode nem ter grande voto na matéria e servir apenas para treinar. Não sabemos se Jesus pede sequer um relatório da evolução dos mesmos. Aliás pela forma como se refere muitas vezes aos guarda-redes (principalmente com Artur) tem-se a sensação que é um departamento totalmente diferente do resto da equipa e que a sua indiferença é máxima. E isso são outras questões, mas fica o apontamento da noção de omnipotência no Futebol do Benfica. É apenas um exemplo disso. Pelo menos dá essa sensação.

No fundo, quem é o culpado disto? O texto vai longo mas resume-se facilmente a isto: Não respeitaram Paulo Lopes e os culpados são muitos. Fica apenas a reflexão neste desporto tão complexo. Mas também... o que seria deste desporto se não existisse debate e discórdia? Pensem apenas sobre o assunto. Força Paulo Lopes.

- A Última Barreira




3 comentários:

  1. É triste que não se reconheça o esforço e o mérito de um GR durante uma época inteira... A culpa vai morrer solteira mas não creio que seja do TGR. Nitidamente o JJ é o supra-sumo da tática e define as suas equipas com 10 jogadores de campo e mais 1 boneco para apanhar bolada.

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  2. Triste... Um guarda-redes seja ele a primeira, segunda ou terceira opção, é sempre um jogador que faz parte do plantel, um jogador que merece ser premiado de alguma forma. Mesmo o Paulo Lopes sabendo que foi contratado para não jogar muito, o Jorge Jesus devia no ultimo jogo e com o titulo no bolso ter colocado a jogar de inicio, isto é uma atrocidade e um pois o jogador sonhou com o momento e retirar esse premio a um jogador que trabalhou durante toda a época é destruir a motivação e o jogador.

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  3. Há sempre duas faces em cada moeda. Não respeitaram Paulo Lopes mas respeitaram o adversário. E a luta que o Marítimo deu é capaz de ser sinal de que JJ fez bem em respeitá-los...

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