segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Uma base sustentada em Portugal




  - A mentalidade de um Grande


Para este reínicio nas análises, olhei para a realidade em Portugal no que toca aos guarda-redes (como de costume) e constatei que os 3 grandes desconfiam dos jogadores que são importados, e apostam quando têm créditos firmados dentro da nossa Liga Principal. Salvo raras excepções, é esta a mentalidade no topo do Futebol Português quando a questão colocada é dos guardiões. Passemos a explicitar de agora em diante.


Foquemo-nos por exemplo no Sporting. Mentalidade conservadora e numa perspectiva de longo-prazo. Assumindo que Rui Patricio como vindo do mercado interno (não de outro clube, mas da própria formação do clube de Alvalade) e juntamente com Boeck, já estão no clube há muito tempo. É o clube que menos altera os seus dois homens de confiança para a baliza, algo que não se aplica nos seus dois rivais. Desde Stojkovic, que o clube de Alvalade não contrata ninguém de um clube fora de Portugal. Pelo menos de forma marcante, estando a excluir por exemplo a contratação de Hildebrand que pouco (ou nada) jogou em Portugal. A experiência pelo mercado em Portugal sempre foi bastante produtiva, relembrando por exemplo Nelson e Tiago que tanto destaque tiveram no clube. Estamos a assumir uma base temporal curta, por exemplo na última década. Qual a razão de tanto conservadorismo no Sporting? São dois jogadores bastante amados no seio leonino, um por reverem em Patricio um futuro Damas, e outro que vive o clube como poucos, mesmo tendo poucos minutos por época.  Depois para 3ºguarda-redes o Sporting também já apostou em Ventura e Ricardo Batista por exemplo, e ainda para um longo reinado a titular Ricardo, que brilhou no Boavista. Apesar disto, Bruno de Carvalho já “ameaçou” romper com este ideal no inicio da temporada, quando esteve quase a contratar Kapino, que acabou por assinar pelo Mainz. Mas não passou disso mesmo – uma ameaça.

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Passando para algo mais extremo em termos de mudanças na baliza, falamos do Benfica. Chegam-me à cabeça nomes, como por exemplo, Quim, Moreira, Moretto, dois Julio Cesar, Roberto,  Mika, Artur, Oblak, Paulo Lopes entre outros. Uns com mais impacto que outros, e alguns que de tanto marcarem o clube serão inesqueciveis, seja pelo bom ou mau. Olhando para tais nomes, podemos tirar já uma conclusão fácil: Apenas dois foram contratações do estrangeiro, sendo que as restante foram todas no mercado nacional (assumindo Oblak como algo trabalhado em Portugal).  Essas duas contratações tiveram impactos extremos no Benfica. Julio Cesar (actualmente) está a ter uma marca positiva em Portugal e Roberto nem tanto. Dos restantes, Artur foi mal amado apesar de uma/duas épocas fantásticas após a saída do Braga, Moretto brilhou em Portugal mas no Benfica não teve uma passagem brilhante tal como o outro Julio Cesar (Belenenses) , Mika (Leiria), como ainda Paulo Lopes. Aliás, Mika foi contratado depois de ser grande destaque do Mundial sub20 em que Portugal foi derrotado na final frente ao Brasil, tendo sido mesmo considerado o melhor guarda-redes da competição. Quim foi campeão e adorado no Benfica, e Moreira como produto da formação igualmente idolatrado era.  Quim não teve uma saída pacífica do clube, e depois de si apenas com Oblak o Benfica conseguiu ser campeão. Foi este o primeiro guarda-redes estrangeiro a ser campeão pelo Benfica, juntamente com Artur. Só isto pode logo induzir toda a história do Benfica no guarda-redes português, que tem sido contrariada nos últimos anos. Fruto dos fundos ou não, é algo dificil de explicar. O mercado nacional deixou de ser suficiente para uma equipa bem recheada de talento, e importar de outros países é sempre mais fácil. Tanto que os nomes apontados para a baliza do Benfica no inicio da época, tinham em comum o facto de não estarem em Portugal. Isto diz por si só muito...

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Fica a faltar um rival, e igualmente instável mas desta vez para as soluções para a titularidade de Helton, que chegou ao Porto depois de brilhar no Leiria. Desde então que o Porto normalmente aposta no mercado inteiro para oferecer soluções crediveis a Helton. Bracalli (Nacional), Beto (Leixões), Kieszek (Braga), Fabiano (Olhanense), Ricardo (Académica)  entre outros. O que têm em comum? O que está explicitado no título desta crónica. É o clube que mais olha para o mercado nacional para compor a baliza, mas nunca para uma titularidade. Sendo que Helton costumava ser dono da baliza, poucos ofereciam valências para passar o capitão. Apenas Beto, e esse nunca foi bem recebido por uma parte dos adeptos. Podemos considerar alguns movimentos recentes como de rompimento com esta abordagem, como por exemplo Bolat, Andrés Fernandez e Gudino. Todos, excepto o ultimo, tiveram pouco destaque nos dragões e provaram que ir ao estrangeiro para buscar 2º/3º guarda-redes não resultou. Já Gudino é outro assunto, mas não é para agora...

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Em suma, os clubes grandes portugueses preferem testar o mercado nacional e depois de mostrarem valia no nosso campeonato é que conseguem admitir que tem qualidade e potencial para estar num grande. Precisam de brilhar nos clubes ditos mais “pequenos” para oferecer esta garantia. Caso contrário, simplesmente não olham para eles. E já passou o tempo, que olhavam para estes guarda-redes e colocavam na alta roda de imediato logo após a contratação. Sporting não o fez, Porto fez há muito tempo com Helton e recentemente foi “obrigado” a lançar às feras Fabiano, e Benfica aventurou-se com Artur e Oblak, este último depois de multiplos empréstimos.
Ou seja, o ciclo é o mesmo do costume. Os pequenos formam e mostram aos grandes os seus guarda-redes e estes depois contratam e adaptam-nos às suas exigências. Estes exploram mercados alternativos e cada vez têm tido mais sucesso. Seja em 2ºligas no Brasil, em Portugal,o que seja. Têm sabido trabalhar o jogador e potenciar.

Com ou sem sucesso, a mentalidade ainda é de muito conservadorismo quando se fala num guarda-redes. Preferem ir ao mercado nacional do que contratar fora, apesar da tendência estar-se a alterar recentemente. Apesar da muita qualidade que existe na 1ºLiga e até 2ºLiga portuguesas, os grandes nunca olharão de momento para alguém que brilhe nestes campeonatos, como sendo um futuro titular, seja a curto ou longo prazo. Isto talvez pelos muitos interesses à volta do Futebol, mas é uma tendência que já deu frutos, e que será dificil repetir-se. Para bem do Futebol português e do futuro da baliza portuguesa, era bom que a tendência fosse contrariada. Mas até lá, a mentalidade terá de mudar.... 

- Última Barreira

Um comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho , mas muita atenção. ...depois de ler esta análise não fico com dúvida nenhuma que és do Sporting, sei que não é de propósito é normal ! Mas fizeste a análise do Sporting totalmente diferente aos outros rivais , isto não é uma crítica , e apenas uma nota companheiro.
    parabéns pelo trabalho


    PS. Viva o Belém !!!!!!!!!

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